terça-feira, 24 de novembro de 2009

Brasil e Irã declaram repúdio às armas nucleares




Os presidentes do Brasil e do Irã assinaram ontem declaração conjunta em que expressam ”inabalável repúdio às armas de destruição em massa, em particular às armas nucleares, cuja existência implica uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais e à sobrevivência humana”.
   Ainda no documento de 17 páginas, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores após conversa de três horas mantida por Lula e Mahmoud Ahmadinejad, os dois líderes reafirmaram “seu compromisso com o desarmamento e a não-proliferação nuclear e sublinharam a importância de que se tomem medidas práticas no campo do desarmamento”. Além disso, “manifestaram seu apoio a uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio”.
   Em entrevista após a reunião, o presidente Lula voltou a expressar o reconhecimento brasileiro ao “direito” iraniano de desenvolver um programa nuclear “com fins pacíficos” e obediente aos acordos internacionais.
   “Aquilo que defendemos para nós, defendemos para os outros. O Brasil não insiste em mediar a polêmica. O que defende é que o Irã tenha e exerça o direito de enriquecer o urânio para fins pacíficos, para energia, porque o Brasil também adota esse método”.
    Já o presidente do Irã saiu do encontro com Lula reclamando mudanças profundas no Conselho de Segurança das Nações Unidas que, na avaliação dele, fracassou.
   “O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve passar por mudanças fundamentais. O Conselho de Segurança fracassou nos últimos 60 anos, no sentido de estabelecer a segurança em todo o mundo”, disse Ahmadinejad, que defendeu um assento permanente para o Brasil no conselho. 
   “O governo do Irã e o governo do Brasil, incluídos eu e meu bom amigo presidente Lula, estamos procurando construir um mundo distante da hostilidade. Um mundo onde não haja ocupações ou guerra, um mundo distanciado das discriminações”, afirmou o presidente iraniano.
   Ahmadinejad disse que a presença do Brasil no Oriente Médio pode ajudar no processo de paz. Ele afirmou também que o país poderá ser um elo entre o Irã e a América Latina.
   “Os dois países, igualmente, desejam buscar um fim às humilhações e agressões militares perpetradas e procuram um mundo livre de armas, principalmente de armas nucleares”.
   Ahmadinejad disse que o Irã já respondeu a todas as perguntas da Agência Internacional de Energia Atômica sobre o programa nuclear do país, criticando os Estados Unidos por criarem pretextos para contestar o desenvolvimento da tecnologia iraniana.
   “O governo de Bill Clinton elaborou pretexto falso para impor sanções ao Irã. Não é novidade que muitas vezes os países do ocidente têm nos confrontado”.

    Nos tratados bilaterais, Brasil e Irã decidiram extinguir a exigência de visto diplomático para entrada nos dois países. Os dois governos assinaram ainda acordos de cooperação nas áreas de cultura, tecnologia, energia, mercado financeiro e agricultura.
   Em frente ao Palácio do Itamaraty, onde Lula e Ahmadinejad se reuniram, um grupo de manifestantes reclamou da visita do líder iraniano. Um batalhão de cavalaria foi mobilizado para garantir a segurança da comitiva do Irã, mas não houve confronto.

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