sábado, 29 de agosto de 2009

Japoneses vão às urnas neste domingo

Eleições legislativas podem acabar com hegemonia conservadora no Japão. Novo primeiro-ministro do país será escolhido



Mais de 1.300 candidatos de 12 partidos concorrem neste domingo (30) a uma das 480 cadeiras da Câmara dos Deputados do Japão - que por sua vez escolhe o novo primeiro-ministro do país. Com a oposição à frente nas pesquisas de intenção de voto, analistas apontam que a votação será histórica já que pode romper com meio século de hegemonia conservadora.
De acordo com as pesquisas, o Partido Liberal Democrata (PLD, direita) do primeiro-ministro, Taro Aso, está mais de 10 pontos percentuais atrás do principal movimento de oposição, o Partido Democrata do Japão (PDJ), dirigido por Yukio Hatoyama.
Contudo, a poucos dias da eleição, as enquetes apontavam até um terço de eleitores indecisos.
Na Câmara dos Deputados, o PLD e seu aliado, o Novo Komeito, tinham uma ampla maioria de 334 cadeiras desde as eleições de 2005 --vencidas com folga graças à popularidade do primeiro-ministro da época, Junichiro Koizumi.
No entanto, apenas três anos depois, o cargo foi ocupado por três primeiros-ministros (Shinzo Abe, Yasuo Fukuda e Taro Aso) que não conseguiram impedir o declínio do poderoso PLD. O partido governa o Japão há 54 anos, com exceção de uma breve interrupção de 10 meses entre 1993 e 1994.
Os conservadores, que já perderam o controle do Senado em 2007, parecem resignados à derrota. Contudo, eles querem impedir o PDJ, que obteve 112 cadeiras em 2005, de conquistar a maioria absoluta de 241 cadeiras na Câmara dos Deputados.
Se o PDJ não conseguir a maioria absoluta, terá de se aliar a outros pequenos partidos para formar uma maioria.

Campanha
O anúncio, no último dia 17, de uma retomada do crescimento após cinco trimestres de recessão é um ponto positivo para Aso --que baseou sua campanha no "senso das responsabilidades", frente a um PDJ criticado por sua inexperiência do poder.
No último dia 18, Aso, 68, um rico nacionalista, fez seu primeiro discurso de campanha em Hachioji, 40 km a oeste de Tóquio. Instalado no teto de uma caminhonete, o primeiro-ministro fez um discurso para mil pessoas reunidas diante da estação de trens.
"Tenho que admitir que o governo não deu a devida atenção" às desigualdades sociais e à pobreza, declarou. "Agora, estamos levando estas questões a sério", afirmou.
Aso falou ainda dos sinais animadores de recuperação econômica no Japão, atribuindo o mérito da volta do crescimento a seus quatro planos orçamentários.
"Nossas medidas econômicas estão dando frutos", enfatizou, destacando, porém, que sua política econômica "ainda está no meio do caminho".
Hatoyama, 62, herdeiro de uma rica dinastia política frequentemente comparada à família Kennedy, foi a Osaka, a grande metrópole do oeste do país, para falar do "novo Japão" que quer criar.
"Chegou a hora de mudar a história do Japão. Com coragem, vamos instalar uma nova política focalizada em cada um de vocês. Por favor, ajudem o PDJ a mudar o poder", declarou.
O PDJ pretende se aproveitar da insatisfação dos japoneses, preocupados com o aumento do desemprego e a precariedade de trabalho, seduzidos pelo conceito de "política diferente", mais próxima das pessoas.

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